sábado, 17 de janeiro de 2009

Herança genética - a cozinha exclusiva da família

Toda família tem isso - comidas muito proprias, receitas particulares para ocasiões especiais, ou mesmo para o dia a dia, que todos - de la famiglia - adoram de um jeito meio místico, e que o pessoal de fora fica meio sem entender porque tanta adoração. Era e é assim aqui em casa com os bolinhos de espinafre que minha mãe tambem fazia desde sempre na minha infância. Não tem fotos, porque descobri que acabo não fotografando a comida do cotidiano.Fica a promessa da foto do bolinho. É fritura em tempos de comida saudável, mas é o que eu faço sem culpa nanhuma.

1 molho de espinafre
1 ovo
leite - cerca de 3/4 xícara
farinha de trigo - cerca de 1 e 1/2 xícara
fermento em pós- 1 cl cha cheia
sal
alho picado
nóz moscada ralada - bastante

Depois de retirar e lavar as folhas, abafar no fogo até murcharem. Não precisa colocar água, as folhas molhadas já juntam o suficiente. Picar bem o espinafre, e juntar o ovo, leite, a farinha, sal e alho a gosto, a noz moscada e o fermento. Tem que ficar com uma consistencia cremosa, não muito líquida, se preciso juntar mais farinha. Fritas às colheradas em óleo bem quente, abaixando o fogo em seguida, deixando ficarem bem dourados e crocantes. Rende uns 20 bolinhos médios.

domingo, 11 de maio de 2008

Pesquisa-ação culinária 1 - Cuca de banana


Essa cuca eu meio que inventei, meio que copiei, meio que sonhei. Fernando andou comentando sobre uma deliciosa cuca de banana feita pela vizinha, cujo cheiro o magnetizava ao chegar da escola. A irmã dele, Edith, me mandou uma receita, mas o que acabei fazendo foi em função do "encontrado no armário e geladeira". O açucar mascavo deu a cor escura da farofa de cobertura.
Descobri na internet que a palavra cuca é provavelmente uma corruptela de "kuchen", palavra alemã que designava um tipo de pão doce ou bolo com frutas. Mundo dá voltas, camará!

Cuca de banana

(para a farofa)

1,5 xic açucar mascavo

+- 2 xic farinha de trigo


1/2 pacote de manteiga com sal gelada

canela em pó


(para a massa)
4 ovos
1 xic açucar branco 2 xic farinha de trigo
umas 3 cl sopa margarina
cerca de 1 xic de leite - usei o desnatado que tinha mesmo
uma cl sopa cheia de fermento em pó

Bati tudo - geralmente bato as claras em neve, separo, bato as gemas com o açucar, junto o resto, começando pela farinha. A farofa foi feita com as mãos, misturando tudo rapidamente para não derretar a manteiga e ficar com um ar de farofa mesmo. No tabuleiro untado e enfarinhado, coloquei a massa, com a farofa distribuída por cima, para assar em forno de medio a baixo ( o meu é meio exagerado), por uns 40 minutos.

Herança genética e cozinha 1


Meu pai, seu Zé, Zpe, seu Leal, ou seu Gaúcho (como ficou conhecido no seu bairro em Arraial do Cabo) era alguem em permanente mutação - lembro dele, em criança, como alguem muito envolvido com o trabalho e questões profissionais, o que não o impediu de mandar o trabalho às favas de vez em quando, partindo pra outra. Essa sua instabilidade e transformação nos fez mudar de casa com frequencia, e de cidade tambem. Nós ficamos por Petrópolis, mas ele continuou sua jornada de mutações. Mas nunca deixou de gostar de cozinhar, e de fazer da cozinha um lugar alquímico, cheio de rituais. Mais recentemente descobri que ele herdou seu talento culinário do meu avô, intelectual e acadêmico da área de sociologia, profundamente católico, com uma familia enorme para gerenciar, mas que adorava construir sabores.
A feijoada de papai era um ritual de dois dias - a escolha e compra das carnes, colocar de molho e trocar a água por dois dias, começar a cozinhá-las, depois de escaldar, no dia do evento, de manhã. Já cedo a cozinha começava a emanar os aromas, e lá para a uma da tarde, todo mundo já estava à beira de um ataque de fome.
Essa eu fiz na quarta feira de cinzas, convidei dois casais de amigos, e aproveitamos para assistir ao julgamento das escolas de samba em seguida.

Feijoada - para seis a oito pessoas
Ingredientes
+- 1,2 kg carne seca magra
+- 1,2 lombo
+- 1,5 costelinha salgada
2 a 3 unidades de rabinho salgado
2 a 3 unidades de pezinho de porco salgado
Uns 5 unidades de paio de boa procedencia
+- 500 a 600 gramas de linguiça de porco
+-700 gr de feijão preto
Uns 300 gr de toucinho defumado
alho, cebola, louro o quanto baste
pimenta malagueta da boa
couve mineira refogada, arroz branco, farofa de banana para acompanhar


Depois de cortar em pedaços grandes, colocar as carnes, com exceção do paio e linguiça, para dessalgar em bastante água, por dois dias, trocando a água a cada 4 ou 6 horas. Aferventar tudo na manhã do dia em que será servida, bem cedo, jogando a água fora. Parece que ficou tudo sem sal - ficou nada, não se preocupe.
Em nova água já quente, colocar no panelão com o feijao, fervendo em fogo lento por mais ou menos uma hora, uma hora e meia. Vigiar para ver o que já vai ficando macio - a costela geralmente fica primeiro, e ir tirando. Quando já estiver mais macio, pode-se temperar. Eu faço o seguinte: tiro um pouco de feijão com caroços (mas duas conchas) e jogo nos temperos refogados em banha de toucinho picado, amasso bem com um socador, e devolvo para o panelão.
Acho importante que cerca de uma hora antres de servir a feijoada já esteja pronta, e possa descansar na panela. Dá outro sabor.
Servir com couve fininha refogada, farofa de banana, arroz branco e laranja seleta em pedaços. Uma caipirinha de Lima nos foi presenteada pelo Eduardo neste dia - antes de almoçarmos.
O único problema é o sooooono que base depois...

segunda-feira, 21 de abril de 2008

ATENÇÃO! este blog NÃO É PROPAGANDA ENGANOSA! estou buscando as fotos e receitas para postar, em breve as coisas ficarão mais animadas por aqui

Começando....

Sempre me intrigou o fato de, ao cozinhar, minha cabeça dar uma desacelerada. Agitada, ansiosa? vou pra cozinha. Cheia de trabalho, sem saber por onde começar? Nada como um almoço bem trabalhoso para resolver isso. A expressão "meditando na cozinha" não é minha, vi num site da Sonia Hirsch, e finalmente alguem colocou em palavras a sensação de "voltar ao centro" que acompanha o umbigo no fogão. Além disso, já há algum tempo, cozinhar é a melhor maneira de continuar conversando com meu pai e minha mãe, para os devidos acordos na hora de reinventar a comida. Com o advento das câmeras digitais e celulares, de vez em quando algum filho resolve guardar a imagem do prato chegando à mesa. Está mais do que na hora de compartilhar as receitas, ora!
Sejam bem vindos à grande aventura de criar sabores!